31 de janeiro
É aniversário de Claudia Palma. Um lindo vaso de lírios lilases perfumados repousa sobre a bancada da Sala Café: é presente do Armando, e perfuma o ambiente durante o ensaio.
Os bons ares trazidos pelo aniversário e pelas flores ventilam o platô de hoje. Há uma atmosfera de calma e entusiasmo na Sala Café. A passagem completa de Platô, portanto, foi mais a mais longa de todas até agora: 59 minutos. Isso confirma que existe uma associação nítida entre contemplar, celebrar a vida e não querer chegar ao fim das coisas, não ter pressa.

Esse platô revelou um Platô mais imagético, que por ser um pouco mais demorado, mais pausado em suas cenas, dava mais tempo e espaço para a contemplação das imagens que se formam entre Claudia e Armando. Não por acaso, isso os fez refletir sobre como são e quantos são os diferentes olhares que se manifestam em Platô: olhar por cima do banco sobre o qual Claudia sobe, por baixo ao nível do chão, de perto de um abraço, de longe nas pontas da corda.
Assim, o prolongamento de tempo fez com que cada um desses planos visuais – ou melhor, platôs – ganhassem um caráter mais concreto e fossem mais facilmente lidos como diferentes momentos e processos das escaladas e descidas de uma montanha.
“É no cume que o percurso começa” é o mote de Michel Serres que inspira Platô, mas é nas extensões do tempo que esse percurso começa a ser visível e contemplável.