Hoje, na Mostra de Dança do Programa de Qualificação em Artes, Cássia Navas entrevistou o grande compositor José Miguel Wisnik. Na entrevista, intitulada Dança e Música: urdimentos essenciais, eles tiveram uma fluida conversa sobre música, dança, memórias, histórias e criação de sentidos entre as duas artes.
Com a brilhante condução de Cássia, José Miguel revelou detalhes de sua experiência em compor música para o Grupo Corpo, e de como música e dança são espaços privilegiados para a “dança das trocas” que ocorre em seus processos criativos. Nesse sentido, José Miguel ressalta, essas duas artes são muito mais favoráveis às trocas entre artistas do que a solitária arte da literatura, por exemplo.
Falaram sobre a palavra na dança e na música: como a canção pode contribuir para os sentidos da dança? Para José Miguel, não se deve tentar traduzir a letra de uma canção em movimentos, mas sim buscar conexões de sentido mais profundas, que envolvam também a realidade do mundo.
Conversaram sobre como dançar canções muito conhecidas pode favorecer uma conexão afetiva intensa com o público, mas tem o lado negativo de dificultar um distanciamento necessário à crítica. Mas também falaram sobre recriação, sobre como uma nova versão tem o poder de renovar a maneira como uma música do passado é percebida. É como Bakhtin já dizia: todo enunciado terá sua festa de renovação de sentidos.
A entrevista foi uma bela dança das trocas, mas uma dança de tantas trocas em que é difícil separar quem foi coreógrafo, compositor, bailarino ou músico… no fim, cada qual em suas casas, fomos todos nós que participamos ativamente dela.