2. Travessia, celebração e leveza | iN SAiO

Páginas de um diário de bordo do processo criativo de dança de Claudia Palma, Armando Aurich e Ana Mondini na iN SAiO cia. de Artes


31 de janeiro: Travessia, celebração e leveza

Durante esse processo criativo à distância, Claudia Palma vem conversando com Ana Mondini em videoconferências fora do horário de ensaio, devido ao fuso horário português. Enquanto elas tentam alinhar detalhes para criarem separadas Ana, que reside em Portugal, de repente decide viajar ao Brasil para dançar presencialmente na estreia. A expectativa aumenta, tanto para as possibilidades de criação que se abrem quanto sobre a provável resposta entusiasmada do público com a presença de Ana em São Paulo: o entusiasmo de vê-la de volta depois de sua longa caminhada na dança paulistana. Porém isso não resolve completamente a questão da presença.

Surge, então, não mais uma ideia de platô, de um plano a ser estabelecido, mas sim a de travessia, de um processo para chegar até algo, até alguém. Claudia visualiza “imagens de coisas que atravessam”. Travessia metafórica entre os “platôs” que são Claudia, Armando e Ana e travessia geográfica cruzando Oceano Atlântico, que deixa Ana tão distante. Entre os dois e Ana, o mar.

No entanto não se quer que essa travessia seja difícil, pesada, mas sim leve pois, acima de tudo, trata-se de um reencontro que precisa ser celebrado. É aniversário de Claudia, é momento de celebrar memórias. Como imagem de memória, Armando visualiza essa nova criação tal qual um antigo retrato de família.

Nesse primeiro momento, talvez a maior incerteza esteja na música. Convidar músicos para compor ou somente para editar músicas pré escolhidas? Que músicas escolher? Claudia e Armando recordam de Pina Bausch, de suas escolhas musicais que não são de música feita para dança, mas que são tão bem escolhidas que provocam excelentes diálogos com a cena. Porém parece cedo demais pra pensar nisso, e há um receio de que a música, se colocada cedo demais, contradiga o que o corpo quer dizer – e o corpo ainda não sabe o que quer dizer…


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