12. Distâncias que se aproximam | iN SAiO

Páginas de um diário de bordo do processo criativo de dança de Claudia Palma, Armando Aurich e Ana Mondini na iN SAiO cia. de Artes

11. Entre a razão e o instinto | iN SAiO


Agosto

Quanto mais perto se está da estreia, mais a distância de Ana Mondini passa a ser um incômodo: o tempo corre constante em direção a um futuro próximo, pedindo por uma igual aproximação espacial de Ana, que ainda não acontece. Como Ana está em Portugal, os ensaios virtuais que Claudia e Armando realizam com ela começam a parecer pouco, a não serem mais o suficiente. Porém o preparo e o envolvimento de Ana do outro lado do Oceano Atlântico, embora ainda não seja visível, é real.

O jogo entre distâncias e proximidades começa a surgir também na criação do espaço cênico. Decide-se pelas folhas secas no traçado do labirinto pelo chão. Recolhe-se, então, folhas de várias árvores diferentes para compor esse cenário, sendo algumas espécies nativas e outras não. Diferentes espécies de árvores sugerem a coexistência de diferentes localidades: Brasil? Canadá? Assim como no livro Escute as Feras Natassja Martin coexiste imaginativamente entre França e Rússia, Claudia, Armando e Ana coexistem entre Brasil, Alemanha e Portugal. As folhas secas pelo chão, de origens diversas, traçam os labirintos do mundo.

O espaço dessa dança não é somente cênico, mas também sonoro. Esse espaço, graças à tecnologia, é o que mais facilmente chega até Ana em Portugal, que com seus fones de ouvido pode ouvir o mesmo que Claudia e Armando. A tecnologia dá ao som a vantagem de viajar longas distâncias sem grandes perdas, mas cria a desvantagem de ser sempre o mesmo, de modo que a coreografia de Claudia e Armando tenda a se fechar em torno desse espaço sonoro. A questão que se manifesta agora não é a de abdicar da base que a estrutura sonoro-coreográfica lhes dá, mas sim de ter a sabedoria de abrir janelas e portais nessa base, que possibilitarão a iminente entrada de Ana em setembro.


Em breve: última página… →

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